terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Festa de Iemanjá deve reunir 400 mil pessoas em Salvador

Mais de 400 mil pessoas devem passar pelo bairro do Rio Vermelho, em Salvador, durante todo o dia, nesta terça-feira (2), para acompanhar os festejos em homenagem a Iemanjá. A estimativa é da Polícia Militar que vai disponibilizar um efetivo de 1,3 mil homens para garantir a segurança de baianos e turistas no evento.
Segundo os organizadores da festa, haverá 300 balaios no barracão de oferendas para o depósito dos presentes que serão oferecidos à ‘Rainha do Mar’. “Este ano, cerca de 250 embarcações devem participar da festa”, disse o presidente da colônia de pescadores do Rio Vermelho, Marcos Santos Souza.
Souza afirmou ainda que a procissão marítima começa a sair da praia no fim da tarde “para fazer a entrega dos presentes”.
Há mais de 80 anos, católicos, adeptos do candomblé e turistas participam do ritual e começam a deixar os presentes já na véspera da festa, por volta das 18h do dia 1º de fevereiro. São sabonetes, perfumes, flores, espelhos e bonecas. Nos últimos anos, por conta da fiscalização dos órgãos ambientais, apenas os itens biodegradáveis são lançados ao mar.
Tanta simpatia da ‘Rainha das Águas’ inspirou diversos artistas de todos os cantos do país. O compositor baiano, Dorival Caymmi, homenageou Iemanjá com os seguintes versos: “O canto vinha de longe, de lá do meio do mar. Não era canto de gente, bonito de admirar. O corpo todo estremece, muda a cor do céu, do luar. Um dia ela ainda aparece, é a rainha do mar! Iemanjá, Odoiá, Odoiá, Rainha do Mar”.
Para Domingos Leonelli, Secretário de Turismo do Estado, a Festa de Iemanjá também representa um importante ativo para o setor, uma vez que projeta a imagem da cultura baiana para todo o mundo.
A depender da corrente religiosa, o orixá que representa as águas salgadas também recebe o nome de Janaína, Mãe das Águas, Iemanjá, Odoiá.
Tradição - Segundo o historiador Manuel Passos, as primeiras manifestações datam do início do século XX, quando um grupo de 25 pescadores resolveu fazer oferendas para a Mãe das Águas, pedindo, em troca, fartura de peixes e tranquilidade nas águas. Desde então, no dia 2 de fevereiro, o Rio Vermelho é palco da festa que une sagrado e profano. As ruas são tingidas de branco e pérola.
Para Passos, esta é a única das festas populares de Salvador eminentemente afro. "Não tem origem católica, europeia. Foi criada pelos ancestrais africanos que aqui viviam, e por um grupo específico, que foi o de pescadores", explica. Ele afirma ainda que essa é uma das festas que vêm ganhando força, inclusive por ser frequentada não apenas pelo povo-de-santo, mas por baianos em geral e turistas. "A festa de Iemanjá transcende o caráter exclusivamente afro, porque não é só o povo negro que a protagoniza. A loira baiana, o turista, todo mundo vai lá levar suas flores, fazer sua oferenda", diz.
Reza a lenda Iorubá que Iemanjá, filha de Olokum, casou-se com Olofin-Odudua, em Ifé, na Nigéria, e teve dez filhos, todos orixás. A amamentação lhe teria rendido seios enormes e, cansada de viver em Ifé, Iemanjá fugira em direção ao “entardecer-da-terra”. Chegando a Abeokutá, Okerê lhe propôs casamento e ela aceitou, com a condição de que o marido jamais a ridicularizasse por conta dos seios. Uma ofensa de Okerê causou fúria à filha de Olokum, que fugiu novamente, encontrando num presente do pai o caminho para as águas. Nunca mais voltou para a terra. Iemanjá tornou-se a Rainha do Mar. Seus filhos fazem oferendas para acalmá-la e agradá-la.
Além do ritual religioso, a Festa de Iemanjá também reúne diversas expressões da cultura baiana. O samba-de-roda sempre deu o tom da festa ao mar. Ao som do pandeiro, se apresentam grupos de capoeira, blocos afros, fanfarras e grupos fantasiados.

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