sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Bahia em primeiro lugar no turismo, afirma Tramm

Bahia Notícias: Secretário, qual o impacto que o GP baiano de Stock Car traz para a Bahia?
Tramm: Olha, no último ano, a Stock Car gerou uma mídia espontânea para a Bahia avaliada em cerca de R$ 19 milhões. Ela representou também uma movimentação na economia em torno de R$ 20 milhões. Acreditamos que esse ano ela deve repetir isso ou mais alguma coisa. Nós estamos aí com uma ocupação (hoteleira) pretendida para o mês de julho muito boa e o próprio trade tem dito que é a melhor ocupação do mês de julho dos últimos quatro anos. A Stock Car deve representar um acréscimo de 20% na ocupação normal no mês de agosto. Isso tudo nos leva a crer que o impacto positivo da Stock Car na economia da Bahia é muito grande. Há uma coisa que a gente precisa dar ênfase: o turismo não é apenas lazer, passeio, praia e sol. Turismo é negócio, é desenvolvimento, é dinheiro, emprego e renda.
BN: E o que o baiano ganha de benefício direto com o GP?
Tramm: Primeiro você ganha o estímulo ao inserir na Bahia uma rota de um esporte que é preferência não só nacional, mas também mundial. Segundo que pela primeira vez no Brasil você tem uma prova de rua e não de autódromo e isso é um diferencial. Tudo isso veio possibilitar aos baianos assistirem isso ao vivo e a cores e não pela TV, então isso é um ganho. O segundo ganho é o que já conversamos anteriormente em termo da economia. A Stock Car deve gerar em termos de emprego indireto, em torno de 2,5 mil postos. Então isso é negócio. A Stock Car traz um movimento para bar, restaurante, hotel, para empresas de taxi, de locação de automóvel. Isso é dinheiro e é retorno.
BN: O governo trabalhou sob a tese de fazer o GP da Stock Car nesse período do ano, visando o fenômeno da sazonalidade, que é quando o estado vive a baixa estação?
Tramm: Claro, nós não precisamos trazer a Stock Car em janeiro ou fevereiro, que já é a alta da alta estação. Nós precisamos desse tipo de empreendimento e certame justamente na época de mais baixa estação, como fizemos no ano passado e vocês da imprensa se lembram do jogo do Brasil contra o Chile, da mesma forma que sempre vamos captar eventos que tragam grande quantidade de turistas, e turistas com poder aquisitivo. No ano passado nós fizemos também um congresso de médicos cardiologistas que reuniu mais de 10 mil médicos aqui. Agora vamos realizar um evento desses com dentistas, que é um certame internacional, que deve trazer uns oito ou dez mil congressistas.
"Acredito que até a Copa teremos a segunda pista (do aeroporto) funcionando."
BN: O senhor acha que o turismo ainda é uma atividade secundária ou terciária na Bahia?
Tramm: Não, ela não é secundária ou terciária. Ela não é considerada uma atividade econômica não só na Bahia como no Brasil, porque você não tem ainda uma ponta para aferir os resultados. Entenda que quando se fala na indústria automobilística, você tem aí uma planilha de ICMS, enquanto que no turismo não tem. Nós não sabemos, por exemplo, quanto é consumido de bebida na área de turismo, porque a nova estratégia que deveria ser implantada ainda não foi implantada. Você não sabe quanto de colchão e travesseiro se vendeu para o trade de turismo, como sabe o quanto se vendeu para o cidadão comum? Qual é o consumo de carne, peixe e vinho na área? Você não sabe. Então no dia em que você tiver isso claro e objetivo, você vai poder sentar na mesa e dizer: “somos uma força do desenvolvimento”.
BN: Alguns profissionais da área do turismo têm dito que muitos turistas que chegam à Bahia voltam para suas regiões decepcionados. Dizem que o turismo na Bahia vive só do nome do estado, enquanto a infraestrutura não ajuda muita coisa. O que tem sido feito para reverter essa imagem ruim?
Tramm: Olha, isso é um contra-senso e vou te explicar por quê. Na pesquisa feita pelo Ministério do Turismo e pela Embratur, sobre a intenção de viagem, para onde você quer realizar a sua primeira viagem, o primeiro lugar foi da Bahia. A liderança não foi do Rio, nem de São Paulo, muito menos de Ceará e Recife. Também quando perguntados para onde seria a sua segunda viagem, quem ganhou também foi a Bahia. É lógico que sofremos de alguns problemas que não são só inerentes à Bahia. Temos problemas de infraestrutura e de urbanização como todos têm. Nós temos aí um problema grave de três anos de discussão sobre a questão do tira ou não tira as barracas (da Orla de Salvador). Agora é que resolveram tirar. Isso passa ao turista uma situação não muito agradável. Mas em compensação você tem o jornal The New York Times, que quando selecionou 31 destinos no mundo que você não poderia deixar de frequentar, visitar e conhecer em 2010, estava a Bahia. Então não é bem assim. É claro que você tem problemas pontuais como você tem em todas as atividades. Nós temos sim uma deficiência séria de mobilidade, como engarrafamentos etc, Mas de uma maneira geral, se não tivéssemos esses indicadores externos, estaríamos muito mais preocupados.
BN: Agora aquela velha pergunta que quase nunca ficamos contentes com as respostas: e os aeroportos, secretário?
Tramm: Antes de falar de aeroporto temos que dizer uma coisa: com o fechamento da Varig, Vasp e Transbrasil, a Bahia e o Nordeste sofreram muito em perda de voos. Nós deixamos de ter um malha aérea mais objetiva, farta e ampla. O Aeroporto Dois de Julho tinha um problema muito sério que era a acessibilidade, mas isso foi resolvido pelo Governo do Estado quando foi inaugurado aquele conjunto de viadutos (Complexo Viário 2 de Julho) e agora temos outro problema a resolver que é a melhoria do aeroporto, ou seja, a área para desembarque e embarque, estacionamento de aeronaves. O dinheiro para isso já está aí. O segundo ponto, que já vem sendo discutido há décadas é a ampliação da segunda pista do aeroporto e, ao que tudo indica, esse assunto estará também encaminhado para que possamos concluí-lo.
BN: Tem prazo para isso?
Tramm: Tem prazo, é claro. E um prazo curto porque agora já está decidido, tanto que a Infraero está preparando um termo de referência para a contratação de um estudo. Esse é um assunto que já deveria ser regularizado, mas acredito que até a Copa (em 2014) teremos a segunda pista funcionando.
"Olha o problema não se restringe somente a Salvador. Você deve ter visto aí, um monte de atraso que todo o sistema sofreu, em todo o país, com o problema da Gol."
BN: Assim esperam os baianos. Alguns analistas indicam que a deficiência nos aeroportos pode atrapalhar na escolha de Salvador para sediar os jogos, não só pela questão da Fonte Nova, mas também por uma questão aeroportuária.
Tramm: Olha o problema não se restringe somente a Salvador. Você deve ter visto aí, um monte de atraso que todo o sistema sofreu, em todo o país, com o problema da Gol e não foi nenhum problema de aeroporto, foi problema de operacionalidade da própria agência.
BN: Agora sobre o Porto Sul. O governo vai fazer algum tipo de trabalho para sensibilizar as pessoas, que são contrárias ao intermodal, de que o projeto é importante para a região?
Tramm: A primeira providência que foi tomada pelo governo foi abrir a discussão. A segunda é a realização de estudos ambientais. Feito isso você começa a desmistificar o problema. Ninguém vai fazer um porto para jogar coisa no mar, não existe isso. O Porto Sul é objetivo. Ele tem uma saída para o mar para os descarregamentos lá fora, tudo por tubulação. No geral, o porto representa desenvolvimento para aquela área. A Ferrovia Oeste-Leste significa desenvolvimento para esse interior do Brasil, que precisa movimentar as suas riquezas minerais e agrícolas. Então você não consegue, de maneira nenhuma, fazer uma omelete sem quebrar ovos. Você não consegue unanimidade em nenhum empreendimento que está em fase inicial. Mas no caso do Porto Sul, as pessoas já começam a sentir esse avanço, porque o tema está sendo discutido e passou a ser analisado. Já acabou o primeiro impacto da emoção.
BN: O que o senhor tem a revelar de cronograma de eventos para suprir esse período de baixa estação?
Tramm: Temos um calendário esportivo no mês de agosto. No mês de setembro e outubro já começa uma campanha, como fizemos no ano passado, que é a antecipação do verão: O Verão na Bahia chega na Primavera. Também nesse mês de agosto estamos realizando um seminário sobre o Turismo Étnico, que é uma das coisas mais importantes que a Bahia tem para vender. Ele fala da Bahia, fala da diversidade. O turismo ético é isso. E nós vamos vender essa cultura estado afora.
Por Gusmão Neto para o Blog Bahia Notícias

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