quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Governador eleito do ES diz que campanha deve tirar Dilma da redoma

Eleito governador do Espírito Santo com 82,30%, Renato Casagrande (PSB), defende mudanças na campanha de Dilma Rousseff neste segundo turno para que ela seja apresentada como alguém mais próxima da população.
Secretário-geral do PSB, partido que integra a coligação, ele pondera que o PT deve abrir mais espaço na coordenação da campanha para outros partidos.
"Se alguém errar agora fica mais difícil recuperar depois."
Casagrande conversou com a Folha após participar de reunião com o presidente Lula que discutiu a campanha.
Folha - A campanha tem que mudar no segundo turno?
Renato Casagrande - Segundo turno é uma nova eleição, que exige mudanças. Temos que sair do debate de temas secundários para o debate político e centrar fogo na comparação entre os governos do PSDB e do PT, além de mudar a forma como a Dilma é apresentada.
Ela tem que estar muito mais próxima da população. É importante que o programa de TV apresente sua presença em atos junto à população brasileira.
Não dá para colocar a candidata numa redoma...
O que está aparecendo na TV muitas vezes é isso. A TV tem que mostrar a campanha de rua. A campanha precisa buscar mais colaboradores para atuar na coordenação.
FOLHA: Entrar na discussão de temas como aborto e casamento de pessoas do mesmo sexo é cair numa armadilha?
Na minha avaliação a Dilma tem que ser clara com relação a esses temas, que são importantes para os cristãos do país todo, mas não deve centrar a campanha nesses temas que causaram problemas para a candidatura dela. A campanha tem que buscar o debate de projeto político para o Brasil.
FOLHA: Qual efeito teve para a campanha o segundo turno?
R: Essa é a semana mais importante para a Dilma. Ela tem que vencer intimamente uma expectativa que foi frustrada, ter estabilidade emocional neste momento, buscar energia para continuar lutando e fazer o enfrentamento político. Se ela conseguir pessoalmente sair-se bem esta semana tem condições de ganhar a eleição. Diria que é a semana mais delicada para a Dilma e a melhor semana do Serra que não tinha expectativa e ir para o segundo turno.
FOLHA: A responsabilidade pelo segundo turno é de quem?
R: Da campanha, dos fatos que interferiram na campanha, relacionados ao governo, como [a quebra de sigilo na] Receita e caso Erenice, e campanhas caluniosas que a Dilma sofreu na internet e que a campanha adversária usou bem. Tem o aproveitamento competente dos adversários de posições mal aproveitadas, de campanhas caluniosas e fatos que aconteceram com pessoas próximas ou do governo que geraram dúvidas no eleitor que preferiu pensar melhor.
FOLHA: A campanha do Serra prometeu salário mínimo maior, 13o para o Bolsa Família, promessas direcionadas para o "eleitor do Lula". A campanha da Dilma não conseguiu um discurso para esse público?
R:
A campanha da Dilma tem que deixar claro que o PSDB já teve sua oportunidade, que são propostas eleitoreiras para ganhar voto num seguimento que ele não tem penetração. É melhor ter uma política duradoura e permanente de aumento do mínimo do que um reajuste abrupto e depois ficar quatro, cinco anos sem aumento. Agora é um contra o outro e essa questão não pode deixar passar sem resposta.
FOLHA: De que forma os governadores eleitos podem ajudar na campanha da Dilma?
R:
Mobilizando os partidos nos Estados, participando da coordenação nacional da campanha. O PT tem que abrir espaço para que outras lideranças participem da campanha que está muito restrita ao partido. São três semanas decisivas na campanha. Se alguém errar agora fica mais difícil recuperar depois.
FOLHA: O senhor acha que deve se perseguir o apoio da Marina ou os votos do eleitorado dela?
R
: As duas coisas. Quem tem relação com a Marina deve conversar com ela, mas a campanha deve buscar os votos dos eleitores da Marina. O eleitor da Marina é diverso, de seguimentos cristãos, de classe média, que não concorda com a polarização PT/PSDB, que não acha isso bom para o Brasil. Tem que ter humildade para levar o discurso para essas pessoas.
FOLHA: O PSB cresceu, vai buscar mais espaço num eventual governo Dilma?
R:
O PSB elegeu três governadores e 35 deputados federais. Não tem nenhuma bancada tão alta que não se consiga vê-la. As bancadas estão mais equilibradas e o futuro governo, se for o da Dilma, vai precisar ter mais equilíbrio.

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