quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lídice da Mata é mais um reforço para a bancada da educação no Senado

Gorete Brandão*
O Senado ganhará, a partir de janeiro, mais um reforço para a bancada de parlamentares engajados na luta pela qualidade da educação. Primeira senadora eleita pelos baianos, a atual deputada Lídice da Mata destacou, em entrevista à Agência Senado, que já vinha se dedicando ao tema na Câmara dos Deputados e que pretende continuar levantando a bandeira na nova Casa, ao lado de todas as causas associadas aos interesses específicos da economia e do desenvolvimento de seu estado.
- É preciso concentrar esforços e recursos para uma profunda transformação no campo da educação, requisito para a continuidade do crescimento do país, com competitividade e inclusão social. Esse é o grande desafio que o Brasil precisa vencer - afirmou Lídice, eleita pelo PSB.
A futura senadora apontou, de forma concreta, a necessidade de mais investimentos na pré-escola, especialmente para que se possa dotar o país de ampla rede de creches. Mas assume o cuidado de ressalvar que não se trata apenas de abrir unidades de "guarida" para as crianças. Conforme explicou, os estabelecimentos devem assegurar aos filhos das famílias mais humildes "os primeiros incentivos cognitivos", em padrões iguais aos das boas escolas particulares.
Na reforma do sistema acalentada pela futura senadora, outra linha de atenção deve ser dispensada à educação profissionalizante, visando à inclusão de jovens no mercado de trabalho. Ela defendeu a implantação de escola profissionalizante em toda cidade com mais de 40 mil habitantes.
- Proposta com tal alcance, no entanto, não pode ser feita de uma hora para outra - observou.
Para a deputada, um dos obstáculos seria a falta de professores para atender de imediato tantas escolas profissionalizantes. Além disso, destacou, não haveria recursos disponíveis para a implantação de um programa de tal porte. Essa é uma das razões pela qual ela defende a ampliação dos recursos para a educação no país, do teto atual de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB), para 10%.
- Isso não é uma utopia vã; é uma necessidade - comenta.
Na avaliação da futura senadora, não se pode ainda falar em educação sem considerar a cultura, "berço das raízes de nosso povo e matriz de sua identidade". Como senadora, ela disse que continuará tentando apoiar, por meio de instrumentos legislativos, ações que valorizem simultaneamente a educação e a cultura.
Nesse sentido, ela destaca projeto de lei que apresentou à Câmara que prevê a criação de um campus avançado da Universidade Federal da Bahia na região de Canudos, no sertão da Bahia. A cidade está associada à saga do beato Antonio Conselheiro, líder religioso que, junto com seus seguidores, foi esmagado por forças militares mobilizadas pelos governantes da então jovem República brasileira.
- Canudos pode vir a ser um museu a céu aberto, como um centro de pesquisa histórica e sociológica e de visitação - comentou Lídice, ao abordar também o potencial turístico da região, como tantas outras do estado da Bahia.
Autonomia feminina
Nesse novo momento de sua vida política, a futura senadora também disse querer continuar atuando em favor das causas das mulheres, às quais está associada desde o início de sua vida parlamentar, como vereadora em Salvador. Por isso, volta ao tema das creches, parte de sua visão sobre a educação integral, para destacar como um programa desse tipo também pode favorecer a autonomia feminina, pois permite tempo e tranqulidade às mulheres, para que possam buscar oportunidades na vida social e no mundo do trabalho.
Nascida em Cachoeira, cidade do Recôncavo Baiano, Lídice é formada em economia. Ela começou sua carreira política como militante estudantil e, em 1982, aos 27 anos, foi eleita vereadora pelo PMDB na capital baiana. Em 1986, foi deputada constituinte e dois anos mais tarde tornou-se a primeira prefeita de Salvador. Lídice foi candidata ao governo baiano, em 1990, numa chapa composta só de mulheres. Depois, ocupou vaga na Assembléia Legislativa da Bahia, onde presidiu a comissão especial de Defesa dos Direitos da Mulher.
*Gorette Brandão é jornalista da Agência Senado

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