terça-feira, 20 de outubro de 2009

A evolução socioeconômica do Brasil e a pré-candidatura de Ciro Gomes

Rodrigo Rolemberg*
Entre 1998 e 2008, caiu de 32,4% para 22,6% o percentual de famílias vivendo com até meio salário mínimo per capita. Esse é um dos dados da Síntese de Indicadores Sociais, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que representam um importante avanço do nosso país no combate à pobreza. A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), por sua vez, destacou: de 2003 a 2008, 31 milhões de brasileiros subiram de classe social, dentre os quais 19 milhões e 400 mil deixaram a classe E, ao mesmo tempo em que 1 milhão e 500 mil saíram da classe D, resultados combinados que determinaram uma redução de 43% no contingente da nossa população que compõe o grupo DE, ou seja, o dos mais pobres do país. Já as estatísticas referentes ao mercado de trabalho indicam que, em 2008, o desemprego foi o menor em seis anos e que agosto de 2009 foi o melhor agosto em geração de empregos com carteira assinada, desde quando foi instituído o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 1965. Assim, ao lado do impacto do Bolsa Família e dos aumentos reais do salário mínimo, o fortalecimento do mercado interno vem sendo puxado fortemente pela expansão do emprego. Isso tudo é parte de uma “virada social” do Brasil. Ela foi prenunciada com a implantação, em 1994, do Plano Real, que deteve o processo de corrosão do poder de compra da maioria dos brasileiros, causado pela inflação. Mas a virada estancou, devido à timidez dos programas sociais dos governos FHC e ao baixo crescimento econômico do país àquela época. Ela foi retomada a partir de 2001, em função de uma taxa crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2000, de 4,53%; entretanto, foi mais uma vez frustrada, por do incremento medíocre do PIB em 2001 e 2002. Nos mandatos do presidente Lula, somente em 2003 o PIB foi especialmente decepcionante; nos outros anos, o sucesso no combate à pobreza tem sido garantido pelo vigor dos programas sociais do governo e por um crescimento econômico promissor, embora ainda não plenamente à altura do potencial do país. É possível estabelecer uma certa correlação entre essa evolução socioeconômica e os pleitos presidenciais, nos últimos 15 anos: FHC foi eleito em 1994, principalmente porque sua imagem estava associada ao Plano Real; reelegeu-se pelo mesmo motivo em 1998; já em 2002 não conseguiu fazer seu sucessor, porque o balanço socioeconômico de seus oito anos de governo deixou muito a desejar; já Lula, que mantém uma performance socioeconômica bastante superior, conseguiu se reeleger e é, hoje, um dos presidentes mais populares da história do Brasil. Esses dados ajudam a explicar a queda do oposicionista José Serra nas pesquisas de intenção de voto para 2010 e a solidez da posição do Deputado Ciro Gomes(PSB), sempre girando em torno da segunda colocação desde o início do ano passado, e agora em clara tendência de alta. Ciro participou do Plano Real desde o começo; rompeu com o PSDB, em virtude das inclinações neoliberais desse partido, causa maior de nossa fraquíssima performance econômica na década passada; foi ministro do primeiro mandato de Lula e é defensor intransigente das realizações socioeconômicas deste governo, tendo sido talvez a primeira liderança nacional a defender que as políticas sociais atualmente em vigor sejam transformadas em políticas de Estado, menos vulneráveis, portanto, a uma eventual recaída neoliberal que venha atingir o Brasil no futuro. Ao mesmo tempo, Ciro vem contagiando plateias com sua defesa de um projeto de desenvolvimento nacional baseado na redução das desigualdades sociais e regionais, nos investimentos em ciência, tecnologia e educação, na melhora de nossa pauta de exportações, que conta ainda hoje com uma presença relativamente pequena de produtos com alto valor agregado, e numa prática política mais caracterizada pelas alianças programáticas do que pelas barganhas fisiológicas. Por tudo isso, a pré-candidatura de Ciro Gomes tem servido para expressar duas convicções profundamente arraigadas no nosso povo: a) não podemos recuar um milímetro em relação ao que já conquistamos; b) é preciso ir muito além.
*Líder do PSB na Câmara dos Deputados

Um comentário:

  1. Entendo ser irreversível candidatura de Ciro a presidente por ser, dentre os aliados do presidente Lula, a mais viável.A transferência do domicilio eleitoral para São Paulo deu a Ciro mais visibilidade na imprensa e a sua candidatura ganhou as ruas. As próximas pesquisas irão demonstrar ser verdadeira esta minha percepção.Portanto se presidente Lula quer assegurar a continuidade de seu governo ele deve investir mais nesta candidatura antes que o Ciro, até então aliado fiel a Lula, se sinta traído e restabeleça o dialogo com Aécio Neves e sepulte de vez todas as chances de vitória da candidata do PT.

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