
O modelo proposto de contrato de consórcio público baseia-se em experiências muito semelhantes utilizadas com sucesso em outras edições dos Jogos Olímpicos, como em Sidney, Barcelona e, mais recentemente, vem sendo repetida na organização dos Jogos de Londres.
O novo modelo inova ao possibilitar a utilização de mecanismos que propiciem maior agilidade nas contratações necessárias ao cumprimento das obrigações assumidas. Sabiamente foi incluída na medida provisória a ampliação do mesmo regime para atender o cumprimento das obrigações assumidas perante a Fifa, abrangendo também as contratações relativas à infraestrutura aeroportuária necessária à realização da Copa do Mundo Fifa 2014, com o objetivo de permitir a utilização de procedimentos licitatórios mais eficientes para as reformas, construções e ampliações de aeroportos em tempo hábil.
Erra quem considera residir essa urgência apenas nas demandas futuras da Copa de 2014, ou dos Jogos Olímpicos de 2016. Na verdade, a necessidade de ampliação de nossa infraestrutura aeroportuária (e portuária poderíamos acrescentar) já é demanda do presente que não pode mais ser adiada.
Estudo recentemente divulgado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, revela o esgotamento da capacidade de boa parte dos principais aeroportos do País. O estudo mostra, por exemplo, que o Aeroporto de Congonhas já enfrenta hoje, faltando quatro anos para o mundial de futebol, uma demanda 40% acima da sua capacidade nos horários de pico, o de Brasília, 25% e o de Guarulhos,22%. A própria Infraero estima ser necessário aumentar em 41% a capacidade de 16 aeroportos brasileiros até 2014. Entre eles o de Salvador que também necessita de ampliação e de outras reformas – e para isso estão previstos no PAC investimentos públicos de R$ 6,4 bilhões.
O Ministério do Turismo prevê um crescimento de 14,6% nas receitas do setor para este ano. Os ramos da economia que devem ter maior crescimento são os de feiras, empresas de aluguel de automóveis, operadoras de turismo, transporte aéreo e turismo receptivo. Em relação a postos de trabalho, o turismo receptivo e meios de hospedagens são os setores que mais devem contratar em 2010, números estimados em torno de 11 e 7,8%, respectivamente.
Os apressados de sempre, que pregam a privatização dos nossos aeroportos como solução mágica para o problema, deveriam ouvir o que disse em entrevista a destacada revista nacional o senhor David Neeleman, presidente das companhias aéreas Jet Blue americana, West Jet canadense e da nacional Azul: “Não acredito que a privatização seja a melhor opção. Os aeroportos privados tendem a encarecer os serviços, os custos das empresas e os preços das passagens.” E completa, sem deixar dúvidas sobre a sua experiência: “Na Argentina, no México e na Inglaterra, onde os aeroportos foram privatizados, o resultado foi desastroso. Hoje, eles têm as tarifas mais altas do mundo. Nos Estados Unidos, não há nenhum aeroporto privado de importância – e o sistema funciona bem.” Na verdade, o que o Brasil precisa e com urgência é a liberação da Infraero das amarras burocráticas. Uma nova configuração, como sociedade anônima de capital misto, que a aproxime de uma empresa como a Petrobras, nos moldes propostos pelo seu ex-presidente Sérgio Gaudenzi. Uma nova empresa moderna e ágil, capaz de garantir uma ampla mudança de gestão, permitindo-lhe enfrentar, no prazo que nossa economia exige, e, com sucesso, vencer um obstáculo que pode pôr a perder grande parte do crescimento de nossa economia, com um alto custo para os brasileiros. Em matéria de infraestrutura, com as taxas de crescimento da nossa economia, o futuro é hoje.