quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Terceiro Salto do Turismo é apresentado em Seminário em Brasília.

Domingos Leonelli
Ex-Secretário de Turismo do Estado da Bahia

A experiência da gestão socialista no turismo caracterizou-se pela inovação, pelo aumento da qualidade do destino e pelo esforço de integração social do turismo na economia do Estado.
Os três eixos estratégicos acima referidos tomaram a denominação de Terceiro Salto do Turismo da Bahia na medida em que se reconhecia a importância dos marcos históricos anteriores, os dois primeiros saltos, mas se definia numa nova fase da atividade.
A denominação de Terceiro Salto tem menos a ver com marketing governamental e mais com a busca de propiciar aos atores da máquina pública e aos parceiros econômicos e sociais o sentido de pertencimento a um projeto planejado e estruturado para promover mudanças de ordem conceitual e ideológica. Semelhante sensação valoriza a participação dos servidores públicos em suas mais variadas graduações com a ideia de estarem escrevendo a história das instituições que participam. Transmite, também, aos parceiros privados a segurança de que a administração pública reconhece o patrimônio acumulado e tem nítida noção de sua responsabilidade em relação ao futuro.
Os três eixos estratégicos do Terceiro Salto desenvolveram-se sob a égide da participação da sociedade, atendendo, também nesse aspecto, à orientação geral do primeiro Governo Wagner.
Porque Terceiro Salto
O estudo do desenvolvimento do turismo no Estado da Bahia – obviamente a tarefa inicial de um gestor socialista – levou-nos a identificar o primeiro salto como o período, dos anos 30 aos anos 60, em que se construiu a imagem turística e cultural da Bahia, sua história, sua magia. A projeção dessa imagem para o Brasil e para o mundo pela literatura de Jorge Amado – à época um escritor militante e depois deputado constituinte pelo Partido Comunista Brasileiro – pelas músicas de Dorival Caymmi, o genial mulato ítalo-baiano, responsável por extraordinária produção musical. A interpretação poética e literária da Bahia não só atraiu como se multiplicou nos estudos antropológicos de Pierre Verger e nas pinturas de Carybé, ambos “turistas-culturais”, que acabaram se transformando em moradores e cidadãos. Essa “cooptação” continuou proliferando com outros importantíssimos escritores, músicos, cineastas, artistas e pensadores, principalmente nos anos 50, quando acontece a reinvenção do Carnaval com o trio elétrico.
A esse diferencial marcadamente baiano, acresceram-se fatores econômicos de repercussão externa e consequente divulgação do destino Bahia, como a exportação de cacau, a descoberta e a exploração do petróleo, as exportações de minerais.
Em seguida observamos o segundo salto do turismo que é marcado pela intervenção mais objetiva do Estado. O primeiro planejamento turístico para o Recôncavo Baiano foi elaborado sob a direção de Rômulo Almeida, intelectual de esquerda e estrategista de desenvolvimento do Nordeste. Durante a ditadura militar, os governos de Luiz Viana, Roberto Santos, João Durval e Antonio Carlos Magalhães, implementaram as bases estruturais do turismo : estradas, aeroportos, Centro de Convenções, recuperação de sítios históricos, promoção profissionalizada, formação de um quadro técnico especializado na gestão pública. Novos planos estratégicos e captação de recursos internacionais para a Bahia e para o Nordeste, a exemplo do PRODETUR. Tudo isso ocorreu a partir dos anos 60 do século XX até o início do século XXI.
Desses dois saltos, três grandes lacunas foram deixadas: falta de inovação nos últimos 20 anos, visível déficit na qualidade e quase nenhuma integração dos parques hoteleiros às economias regionais.
Emerge desse quadro o problema da baixíssima absorção pelas camadas populares dos resultados do turismo como atividade econômica.
Assim é que o Terceiro Salto do Turismo pretende se constituir numa superação dialética da contradição comum às economias nordestinas, entre crescimento econômico e desenvolvimento social.
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