"A reforma política é uma bandeira que o movimento negro precisa abraçar para conseguir instrumentos de elevação da representatividade parlamentar dos afrodescendentes".
A proposta foi feita pela senadora Lídice da Mata durante sua participação em uma das 15 mesas temáticas do Afro XXI - Encontro Ibero-Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes, nesta sexta-feira, no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador.
O Debate sobre a subrepresentação negra nos parlamentos contou ainda com a presença dos deputados federais Benedita da Silva (PT-RJ) e Luiz Alberto (PT-BA), do senador dominicano Eddy Mateo Vásques, e da assembleista equatoriana Alexandra Ocles Padilla.
As propostas formuladas e aprovadas por cada uma das mesas irão compor um documento que será entregue à presidente Dilma Rousseff, neste sábado, durante o Encontro de Chefes de Estado.
Para Lídice, o financiamento público de campanha e as listas fechadas de votação são os dois pontos da reforma política que mais interessam diretamente às duas maiorias que mais sofrem com a subrepresentação parlamentar: os negros e as mulheres.
"O financiamento público de campanha e as listas fechadas de votação são conquistas necessárias para equilibrar o jogo, permitir a eleição de lideranças negras e femininas, já que o atual sistema nos aparta da disputa por recursos financeiros das grandes corporações", declarou Lídice.
Segundo dados apresentados pelo deputado Luiz Alberto, os negros representam apenas 8% da Câmara Federal, enquanto 58% da população brasileira se autodeclara afrodescendente. As mulheres, que também perfazem a maioria da população brasileira - 51% - ocupam menos de 10% das cadeiras do Congresso Nacional.
Para Lídice, o exemplo de Benedita da Silva - mulher, negra e favelada - é um marco na política nacional, mas depende de mudança nas regras para vir a ser expandido e ampliado.
"Se o poder é bom, o negro também quer poder, mas somos uma gota dágua dentro do oceano do poder majoritário no Brasil, que é branco, masculino e rico", endossou a deputada fluminense. "Somos 150 milhões de afrodescendentes nas Américas e não tivemos o sucesso à altura da luta que travamos", completou.
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