terça-feira, 28 de julho de 2009

"A ausência da mulher negra nos espaços de poder

Cristina Almeida*
25 de julho, um dia de reflexão sobre a necessidade de promoção da igualdade étnico-racial no Brasil. Em 1993, a ONU estabeleceu esta data, como o “Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe”, marco internacional que desencadeou vários estudos sobre as condições de vida das mulheres negras. O que pretendemos enfatizar é que se ampliou, em muito, a participação política da mulher nos movimentos e nas ONGs, mas permaneceram as restrições nos espaços tradicionais de participação na política representativa . No levantamento realizado pela equipe do LAESER, dos 513 deputados federais eleitos em 2006, havia 11 de cor ou raça preta, sendo 10 homens e uma mulher. Como pardos, foram identificados 35, sendo 33 homens e duas mulheres. No total, foram 46 deputados, sendo 43 homens e três mulheres. Em termos relativos, o peso destes parlamentares na Câmara dos Deputados era de 2,1%, de pretos, e de 6,8%, de pardos. No começo de 2007, 76 dos 81 senadores (93,8%) eram brancos, enquanto somente quatro eram pardos e, um, preto. Portanto, os senadores pretos & pardos totalizavam apenas 6,2%. Além disso, todas as 10 senadoras (12,3%) são brancas. Não existe dado estatístico em nível de Estados e Municípios, mas são evidentes as desigualdades. Estatísticas apontam que, quando comparadas às mulheres brancas, as mulheres negras vivem menos – são as maiores vítimas de assassinatos, de violência doméstica - e são estigmatizadas em várias áreas. As mulheres negras têm salário menor – são a maioria das domésticas e a minoria em cargos de poder nas grandes empresas - recebendo salário inferior ao das mulheres brancas, mesmo desempenhando as mesmas atividades. É o grupo com maior índice de analfabetismo, mas, pasmem, têm significativo ingresso nas Instituições de Ensino Superior. As mulheres negras são as mais pobres, as mais desempregadas, buscando no trabalho informal o sustento de sua família. Têm menos acesso a serviços de qualidade, ou seja, têm seus direitos violados em várias áreas. Tais diferenças econômicas e sociais só serão reduzidas, se a mulher tiver uma maior participação nos espaços de Poder.
*Cristina Almeida é vereadora pelo PSB e secretaria Nacional do Movimento Negro do PSB.

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