terça-feira, 14 de julho de 2009

O Porto e a Cidade

Osvaldo Campos
Em 2008, pela primeira vez na década, a movimentação de cargas conteinerizadas no porto de Salvador registrou queda, sendo ultrapassado pelo porto de Suape, que passa a liderar a movimentação deste tipo de cargas no Norte e Nordeste.
Entre os diversos fatores que podem ser apontados para a perda de competitividade do Porto de Salvador em relação aos seus principais concorrentes destacam-se:
Defasagem da infra-estrutura do porto, com pequena profundidade e extensão do berço especializado em contêineres; deficiência dos acessos terrestres e falta de conexão intermodal; falta de continuidade administrativa e excessiva dependência em relação ao governo federal; movimentação de contêineres praticamente monopolizada por um único operador portuário sem a devida regulação por parte da Codeba e Antaq.
Apesar das excelentes vantagens comparativas naturais do Porto de Salvador, localizado numa das maiores baías de águas profundas e abrigadas do mundo, do baixo custo de manutenção da profundidade de seu canal de acesso e dos berços de atracação, o porto de Salvador se recente da falta de investimentos e da limitada dimensão de seu terminal de contêineres, já próximo de seu limite operacional.
Para que o porto volte à liderança no Norte e Nordeste do Brasil, se faz necessária a imediata ampliação do terminal de contêineres, a implantação de um terminal especializado em grãos e um novo Terminal de Cruzeiros Marítimos.
Torna-se necessário também uma eficiente promoção comercial do porto, incrementos da produtividade nas operações e o aperfeiçoamento nas relações entre trabalhadores e empresários, fatores indispensáveis para a atração de novas linhas marítimas e de novos usuários importadores e exportadores de cargas.
Uma mais estreita ligação com a comunidade portuária da cidade se faz também necessária. Em portos como Antuérpia , Le Harvre e Hamburgo, foi através do diálogo e de ações conjuntas envolvendo empresários, trabalhadores, associações empresarias e o poder público local, materializadas em “Alianças Portuárias”, que viabilizaram o crescimento e a competitividade destes portos e das regiões sobre suas influências.
Sugere-se para Salvador a criação de um fórum similar, envolvendo não apenas os usuários, como a Usuport, mas toda comunidade portuária da cidade, objetivando principalmente a promoção comercial do porto e sua revitalização competitiva.
Num momento em que o índice de desemprego na região metropolitana de Salvador é um dos maiores do Brasil deve ser priorizado o resgate da cidade enquanto centro comercial, portuário e de serviços, face às suas excelentes vantagens geoeconômicas.
Para isto, torna-se imprescindível uma nova relação porto - cidade, com, a união da comunidade local em prol da revitalização e modernização da atividade portuária em Salvador.
Artigo publicado hoje no jornal A Tarde
Osvaldo Campos, é Engenheiro (UFBa-79) e Mestre em Administração (UFBA-95), coordena o Núcleo de Estudos em Logística e Transportes-NELT. Coordenou a elaboração do PELTBAHIA - Primeiro Plano Estadual de Logística de Transportes elaborado no Brasil com visão de longo prazo , contemplando todos os modais de transportes. Membro da Executiva do PSB em Salvador, foi candidato a vereador em 2008 pelo PSB defendendo a regionalização da administração do Porto de Salvador.

Um comentário:

  1. Parabéns compnaheiro Osvaldo Campos artigo muito bem feito e você sempre pensando a nossa Salvador.
    Saudações socialista.

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