sábado, 11 de junho de 2011

Debate em Salvador qualifica militância do PSB

A presença de duas autoridades reconhecidas no campo da política e urbanismo, o sociólogo Joviniano Neto e o arquiteto Carlos Querino, mobilizou a militância e as principais lideranças do PSB para debater a reforma política e a mobilidade urbana neste sábado(18), no auditório da APLB, em Nazaré. O evento contou ainda com as participações da senadora Lidice da Mata e do deputado estadual Capitão Tadeu.
Defensor da criação da Comissão da Verdade para investigar as violações aos direitos humanos ocorridos principalmente na época da ditadura, o professor Joviniano Neto fez uma abordagem ampla da reforma política, justificando sua necessidade no contexto em que os poderes constituídos reclamam maiores garantias da governabilidade. Segundo ele, a sociedade pede a redução do número de partidos e as instâncias democráticas ressentem-se de uma crise de representatividade, e a própria classe política contesta a judicização do processo eleitoral.
"A insatisfação e rejeição da política e dos políticos decorre da campanha dos grupos empresariais e financeiros contra o Estado e a favor do livre mercado. Para defender o Estado mínimo é preciso enfraquecer o papel do político, mas a crise internacional de 2009 minou esse discurso sobre a capacidade de auto-regulação do mercado, pois as empresas correram atrás dos subsídios do Estado para não quebrar", pontuou.
Joviniano colocou-se a favor do financiamento público de campanhas eleitorais, contra o voto distrital e contra a lista fechada, este último, o único ponto de discordância com a Senadora Lídice da Mata, para ela não existe sistema eleitoral perfeito, "todos têm suas mazelas e suas vantagens. Eu mesma reconheço as vantagens da lista aberta, afinal foi nesse sistema que eu me elegi nos meus 27 anos de vida pública. Mas a lista fechada é uma experiência que o Brasil precisa debater, pois ela fortalece não só os partidos, mas a democracia partidária", disse a Senadora, acrescentando que só interessa uma lista fechada com alternância de gênero, com cota mínima de 30% de mulheres, com representatividade da população negra e de outras etnias de cada região..

MOBILIDADE URBANA




Já o urbanista Carlos Querino defendeu que a discussão sobre mobilidade urbana não pode prescindir de uma reminiscência histórica sobre as experiências bem sucedidas do passado.
"No dia 4 de outubro de 1819, a Bahia inaugurava a primeira linha regular de transporte a vapor do mundo, que ligava Salvador a Cachoeira. Em 1928 fizemos a ligação rodoviária Salvador-Feira de Santana, em 1984, a ligação ferroviária Campo Grande-Calçada. Salvador já teve a experiência do ônibus movido a gás natural. E agora, o que restou disso além da BR?", questionou.
"Diante dos equívocos conjunturais, diante da força do capital, o governo do Estado lançou uma manifestação de interesse com vários modais diferentes, mas foi triste ver a sociedade discutir de forma polarizada entre BRT e VLT. Precisamos tanto de um quanto o outro, senão a cidade fica invertebrada", defendeu o especialista, para quem não se pode falar em mobilidade urbana sem um sistema orgânico multimodal. "Temos potencial hélio e eólico fantásticos, quase que não aproveitamos nada das células fotovoltaícas. Os europeus aproveitam tudo isso porque são pobres e nós que somos ricos esbanjamos desperdícios o tempo inteiro. Precisamos dar um corte nessa história, precisamos assumir responsabilidades", pregou.
Em seu aparte, o Capitão Tadeu defendeu que, a despeito da importância da conjugação de modais de transporte coletivo, a questão da mobilidade não será resolvida se não houver uma abordagem do transporte individual.
"Em 1990, Salvador tinha 230 mil automóveis, em 2000, já eram 410 mil, em abril deste ano alcançamos a marca dos 740 mil. Vamos chegar a um milhão de veículos em menos de 10 anos e não há intermodalidade que de jeito se não formos capazes de construir um Pacto Social por um Trânsito Melhor", declarou.
O Pacto é um elenco de mais de 30 sugestões para a melhoria da mobilidade, como a redistribuição de horários de funcionamento dos serviços públicos e comerciais e o incentivo ao trabalho em casa como forma de tirar os carros das ruas nos horários de pico. "Ou a sociedade aceita essa mudança de paradigma ou ela vai ter de conviver com mais e mais engarrafamentos. Temos de mostrar que nós somos o problema e a solução da mobilidade urbana", acrescentou.
O encontro desse sábado foi o segundo temático organizado pelo partido em 2011. O primeiro, realizado em abril, debateu o PDDU. De acordo com o presidente da Executiva Municipal do PSB, Waldemar Oliveira, os próximos tratarão de segurança pública e cultura.
Segundo Fábio Lima, integrante da executiva, o PSB baiano, o partido continuará qualificando a militância não apenas com os encontros temáticos mensais, mas com cursos de formação política nos 15 grandes encontros regionais nas cidades-polo do Estado, com recursos da Fundação João Mangabeira.

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