quarta-feira, 10 de março de 2010

Dissidentes pedem a Lula que interceda por presos políticos cubanos

da France Presse, em Havana
Em carta dirigida a Luiz Inácio Lula da Silva e entregue à imprensa, um grupo de dissidentes moderados pediu nesta terça-feira ao presidente brasileiro que interceda para que Cuba liberte 20 presos políticos, evitando, assim, a morte do jornalista opositor Guillermo Fariñas, em greve de fome.
"Acreditamos que o senhor pode interceder junto ao governo de Cuba para pôr fim a uma situação que, além disso, obscurece os esforços destinados a articular uma autêntica comunidade de Estados latino-americanos e caribenhos centrada nos direitos de seus cidadãos", expressaram.
"A influência regional do Brasil, sua confiança no potencial transformador da sociedade democrática e seu conceito de estratégia podem ajudar Cuba a compartilhar padrões mundiais em matéria de direitos humanos".
Um funcionário da presidência brasileira disse à agência de notícias France Presse que Lula não recebeu nenhuma carta.
"O presidente Lula não recebeu, até o momento, qualquer carta deste grupo e desconhece seu conteúdo", destacou o funcionário, que pediu para não ser identificado.
No final de fevereiro, durante sua visita a Cuba, Lula se esquivou da mesma questão alegando não ter recebido qualquer carta da dissidência cubana.
O pedido a Lula foi feito em carta aberta e toda a imprensa tomou conhecimento.
Fariñas, jornalista e psicólogo, de 48 anos, iniciou uma greve de fome em Santa Clara, 280 quilômetros a leste de Havana, no dia 24 de fevereiro passado, para exigir a libertação de 26 presos políticos com estado de saúde considerado delicado.
O protesto começou um dia depois da morte do preso Orlando Zapata, depois de uma greve semelhante de dois meses e meio, e que coincidiu com a visita de Lula a Cuba, quando "lamentou profundamente" o falecimento.
Os dissidentes, do recém-criado Comité Pró-Liberdade dos Prisioneiros Políticos Cubanos Orlando Zapata Tamayo, disseram no texto que a reação oficial cubana "faz temer o pior cenário depois de infrutíferas tentativas de dissuasão por parte de ativistas cubanos e diplomatas da União Europeia".
O próprio Fariñas admitiu hoje que está "fraco e muito desidratado", mas garantiu que manterá seu protesto "até as últimas consequências".
"Estou muito fraco, mas não tem volta, não recuo. Vou até o fim (...) Com isto, Fidel e Raúl Castro estão propondo um desafio à dissidência, de que não somos capazes de ser patriotas e ir até as últimas consequências".
Fariñas sofreu na quarta-feira passada um choque hipoglicêmico e foi hidratado e alimentado por via intravenosa em dois hospitais de Santa Clara.

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