terça-feira, 23 de março de 2010

João Mangabeira ,baiano e socialista

João Mangabeira nasceu em 1880. Dois anos depois, sua mãe faleceu, deixando oito filhos, que foram criados pelo pai. A pouca disponibilidade de recursos da família não impediu que, aos 17 anos, João Mangabeira terminasse seu curso jurídico. Foi, então, advogar em Ilhéus, mas ninguém dava crédito àquele bacharel com cara de criança. Até que, um dia, segundo relato de Paulo Brossard, “ iniciando-se a sessão anual do Júri, entrava em julgamento um réu pobre e sem advogado. Para defensor, o juiz nomeou o dr. João Mangabeira, que lá se encontrava. Do processo, ele ignorava tudo. Mas, ouvindo o relatório do magistrado tudo guardou: nomes, páginas, pormenores. E mal o promotor conclui a acusação, o jovem advogado de defesa, minutos antes designado, estraçalha a acusação, apontando-lhe contradições, corrigindo nomes, indicando páginas do processo que ele não chegara a manusear. O réu foi absolvido...e, a partir de então, Ilhéus passou a acreditar no advogado que era pouco mais que uma criança e seu escritório passou a ter clientes”. Pouco depois, João Mangabeira foi eleito Deputado Estadual e, em seguida, Deputado Federal. Foi quando se iniciava a campanha civilista e as circunstâncias aproximaram-no de Rui Barbosa, a quem haveria de seguir sempre.
Tornou-se um pouco tempo uma das figuras de mais destaque na Câmara dos Deputados. E, conceituado como parlamentar e como jurista, passou a figurar entre as altas expressões da inteligência do país. Sua atuação política foi marcada pela defesa do Socialismo.
Foi Constituinte em 1934 e a luta contra a ditadura do Estado Novo lhe valeu 15 meses e meio de prisão. “Prefiro ficar preso por essa ditadura, a ficar livre, pactuando com ela”, afirmou em 1936. Em 1945 fundou a Esquerda Democrática, que deu origem ao Partido Socialista Brasileiro, criado dois anos depois. Em 1950, o Partido Socialista Brasileiro decidiu concorrer com candidato próprio às eleições presidenciais e escolheu o nome de João Mangabeira para a tarefa, que tinha o caráter de protesto, não havendo possibilidades eleitorais efetivas. Em jornal da época, João Mangabeira explica sua candidatura: "Os socialistas viram-se em face de uma triste realidade. Não tinham em quem votar. Todos os candidatos tinham entrado em conversas, confabulações ou barganhas com o partido integralista, e por isso mesmo assumido para com este os compromissos expressos ou implícitos que a honra impõe entre os companheiros de luta”. E prosseguiu: “Em face de tão grave situação, o Partido Socialista levantou as candidaturas antifascistas, marcando uma atitude histórica: a do combate aberto e franco ao neofascismo, que se articula em toda a parte, e no Brasil se apresenta de braço dado com os que se dizem democratas. O Partido Socialista assume, assim, o papel de único partido anti-fascista, porque é o único que não tratou com os integralistas. É nestas condições que as candidaturas socialistas se apresentam. É sob tal bandeira que o Partido Socialista apela para o povo brasileiro.
Apela para os trabalhadores e para a classe media, que somente sob um governo socialista, poderão ver satisfeitas suas aspirações, incompatíveis "com o sistema econômico conhecido como capitalista". Apela para a consciência livre dos verdadeiros democratas. Votar nos candidatos socialistas é votar contra o neofascismo”.
João Mangabeira foi, também, Ministro da Justiça no Governo Parlamentarista de João Goulart e faleceu em 1964

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