sexta-feira, 5 de março de 2010

No mês de Janeiro de 2010, o estado da Bahia presenciou num único final de semana três casos estarrecedores de violência resultando na morte de três mulheres (Luciana Machado Souza, 27 anos; Rosângela dos Santos, 31 anos; Eliane Al-
meida de Oliveira, 43 anos) por homens que viviam juntos com elas. Em 2008, o Brasil inteiro acompanhou pela TV, o desfecho trágico da história de Eloá Cristina, 15 anos, assassinada pelo ex-namorado, após três dias de cárcere privado. No dia 17 de fevereiro, em pleno carnaval deste ano, Alex da Cruz Martins, de 18 anos, matou a facadas a esposa, grávida de oito meses, Joseane dos Santos, 18 anos. No ato, ele abriu a barriga da mulher e arrancou a criança - que também morreu na hora.
A cada 15 segundos uma mulher sofre violência física cometida por um homem com quem mantém ou manteve uma relação afetiva. São inúmeros os casos de abuso sexual contra as mulheres e meninas, geralmente no ambiente doméstico. Cada vez mais, são recorrentes os casos de impunidade em relação aos crimes contra a mulher. A imagem da mulher como objeto sexual ou como inferior tem sido naturalizada através das instituições e das mídias.
Estes dados têm mobilizado diversas organizações de mulheres da sociedade civil, Universidades, agências internacionais, entre outros segmentos, pelo fim da violência contra a mulher no estado da Bahia, no lastro de uma organização histórica mais ampla que tem sido construída no Brasil pelos movimentos feministas e de mulheres negras.
A Lei Maria da Penha, aprovada em 2006, significa uma vitória do ponto de vista legal desta mobilização, já que prevê a criminalização das diversas formas de violência (psicológica, moral, sexual, patrimonial e física) e a responsabilização do Estado pela implementação de medidas de proteção e de prevenção à violência contra a mulher. No entanto a luta pelo cumprimento e continuação da lei precisa prosseguir pois ela esta ameaçada por setores conservadores e fundamentalistas ( das áreas judiciária, religiosa e parlamentar).
No entanto, os casos de violência de todos os níveis, inclusive as que culminam em morte, continuam crescendo no país. Na Bahia, temos realizado concentrações em pontos estratégicos da cidade, a que chamamos Vigília Feminista pelo fim da Violência contra a Mulher.
Nestes encontros temos denunciado o estado de violências a que muitas mulheres têm sido submetidas, além de alimentarmos um espaço de solidariedade e fortalecimento das vitimas potenciais do sexismo, lesbofobia, racismo, machismo, exploração sexual contra meninas e demais formas de violências que ocorrem na sociedade, inclusive a violência institucional vivenciada pelas mulheres quando buscam serviços e garantia de direitos no estado e não encontram.

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