quinta-feira, 11 de março de 2010

Um novo mundo é possível e necessário.

Fernando Schimdt*
Um novo mundo é possível. Essa crença é o grande legado conquistado nos dez anos de Fórum Social Mundial (FSM), moldado em Porto Alegre, por iniciativa de organizações não-governamentais e movimentos sociais, e que hoje se consolida sobre o futuro da humanidade.
No processo de construção de um novo mundo é necessário que, além da posição dos movimentos sociais e da sociedade civil como todo, sejam incorporadas aos debates, as experiências e o papel de governos progressistas, que há dez anos, praticamente não existia no continente americano.
O advento da crise financeira internacional evidenciou a necessidade de se repensar a ordem econômica mundial, seus métodos, seus processos e sua ética. Organização da sociedade civil, movimentos sociais, centrais sindicais, e governos que compartilham dos mesmos valores e ideais têm a responsabilidade de avançar não construção de um novo mundo, e de uma nova metodologia de ação para além da reflexão. E um possível caminho é a co-responsabilização.
Esta foi a principal marca do Fórum Social Mundial Temático da Bahia que enfrentou o desafio de inovar o formato original de FSM, discutindo no período de 29 a 31de Janeiro / 2010, temas de relevâncias na formulação de um modelo de governança que permitirá uma nova ordem social global. Portanto, nada mais coerente que um governo que está democratizando a Bahia, promovendo a participação popular, apoiasse tal evento.
O debate na busca de consensos possíveis foi franco, aberto, despido de qualquer tentativa de cooptação, como pode ser sentido na Carta da Bahia. Como disse o governador Jaques Wagner “ o apoio do governo da Bahia à realização desse Fórum não é uma tentativa de substituir a sociedade, o que é impossível . A democracia representativa tem que ser parceira da democracia participativa’’.
Sem dúvida além do debate, que é válido constante, importa pactuar uma agenda mínima, aproveitando a janela de oportunidades que a crise e as suas conseqüências abrem para a sociedade, seja no rumo da consolidação de uma nova governança democrática e participativa, seja na construção de novos paradigmas de transparências, regulação e controle social no mundo econômico, e seu relacionamento com política e a sociedade.
Com certeza, o legado que fica do FSM é de que este ano, que ainda se inicia, será de muito trabalho e diálogo. Os movimentos sociais deverão efetivar e ampliar a luta por uma sociedade melhor para todos, com justiça e igualdade. O aprovou, em plenária, através da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), um documento que defende o desenvolvimento com valorização do trabalho descente, o repúdio à desigualdade e verdadeira e real superação da crise mundial.
Não se tem duvida d que o Fórum Social da Bahia cumpriu sua missão, firmando-se como elo importante para as discussões de 2011, em Dakar.
O desafio é grande, mas um novo mundo é possível e necessário, como afirmou o presidente Lula em sua mensagem ao Fórum de Davos. “...Toda vez que mãos humanas misturam sonho, criatividade, amor, coragem e justiça ela consegue realizar a tarefa divina de construir um novo mundo e uma nova humanidade.”
O Fórum Social Mundial Temático Bahia, portanto, dadas as suas peculiaridades, significou um marco de relação entre movimentos social e governos progressistas na Bahia e no Brasil, com o desdobramentos que haverão de levar à realização do Fórum Social Mundial Unificado 2013, em Salvador.

Fernando Schmidt
Chefe de Gabinete do governador da Bahia

Um comentário:

  1. A lucidez e brilhantismo como Schmidt radiografa o Fórum Social Mundial, neste artigo, faz crermos realmente de que este evento deixa um legado de um ano com muito diálogo e trabalho.

    Parabéns, companheiro!

    Celsinho Cotrim
    Presidente do PSB

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